O absurdo da canonização

Eu vou canonizar o meu poema;

Levá-lo a um altar, lavar-lhe os pés,

E vou querer que haja mil fiéis

Para deixar sobre eles seus dilemas.

Que façam, vez por outra, uma novena;

E rezem fielmente em seus cafés,

Em seus jantares, em seus canapés,

Para que cada letra valha a pena.

Eu vou fazer imagem, quadro, estátua;

E ao colocá-lo na torre mais alta

Eu vou querer que o mundo todo o adore.

É um absurdo? Sim, eu sei, é mesmo!

Mas já o fazem por aí a esmo

E não vejo ninguém que se apavore.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 12/05/2014
Reeditado em 23/09/2015
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