O absurdo da canonização
Eu vou canonizar o meu poema;
Levá-lo a um altar, lavar-lhe os pés,
E vou querer que haja mil fiéis
Para deixar sobre eles seus dilemas.
Que façam, vez por outra, uma novena;
E rezem fielmente em seus cafés,
Em seus jantares, em seus canapés,
Para que cada letra valha a pena.
Eu vou fazer imagem, quadro, estátua;
E ao colocá-lo na torre mais alta
Eu vou querer que o mundo todo o adore.
É um absurdo? Sim, eu sei, é mesmo!
Mas já o fazem por aí a esmo
E não vejo ninguém que se apavore.