O doce sofrimento
Ah! como chora o coração do amante
Embora o amor nem sempre dê motivo.
Chora, e com isso é que se sente vivo;
Sofre, e por isso é que prossegue avante.
Mas em seu pranto, numa dor cortante
Que anina os olhos de quem vai cativo,
Há, muito terno, um pingo explicativo
Para provar que o amor é delirante.
Só quem de amar preenche a alma inteira
E sente a boca tremular ligeira
Ao relembrar do grande amor sonhado
Pode entender o doce sofrimento
Do desespero e do contentamento,
E de gritar, e de morrer calado.