Sinfonia ocelar da vida
(a José Saramago)
não somos mais os parvos da escrita escolar
nem os Dante das, outrora, quimeras infernais
os monstros pós-tudo dos resíduos intelectuais
a luta irracional da razão, sem razão, arrasada
das turbulências da marra cotidiana, fingindo-nos
atoleimados diante da perplexidade circundante
somos seus cegos infaustos neófitos navegantes
abastecidos que sempre estamos de seus desafios
enclausurando o nazireu com ferrOlho sem chave
cerramo-nos também em porões que não se abrem
por decifrarmos dolosamente o enigma de Sansão
mas o regente desse festival sinistro é ambidestro
e não delata nem esconde o que deve ser manifesto
cabendo a nós dos olhos querer descerrar a visão