Feiúra fundamental

Mulher bonita é quase tudo fresca;

Cheia de nhém-nhém-nhém, de “não me toques.”

Quer sempre a atenção mais gigantesca.

E os mais extravagantes “camarotes.”

Quer foco, evidência; quer ibope.

Só quer saber de si. Metida a besta,

Roupinha moderninha, rosa choque,

Tratada de maneira principesca.

Claro que alguma tem simplicidade;

Mas eu prefiro à feia, pois me trata,

Com muito mais tesão e intensidade.

E assim, no meu castelo de beleza:

A linda (e tão vazia) vira sapa;

E a feia apaixonada: uma princesa;

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 03/05/2014
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