DESCONCERTO 

Que faz um violoncelo em rapsódia
E em Quinta Bachiana a voz canora
De uma Mezzo-Soprano que se arvora
E faz de uma opereta uma paródia?

Na língua há ortoépia e prosódia
Que o inculto vocábulo decora
A difusa semântica de outrora
Nesse som dissonante da discórdia.

Nesse naipe de cordas que me acorda
Eu conserto o concerto pela borda
E desfaço a cortina que o encerra.

Neste palco da vida em partitura,
Na arte de escrever literatura
Não ensaio a regência de uma guerra.
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BREVIÁRIO

Dos feitos e desfeitos já por findos,
De outro desiderato me despeço
Pondo no breviário o endereço
De alguns poemas tristes e outros lindos.

Neste poetizar idos e vindos
-Saldo do que lucrei por alto preço -,
Tudo pra mim valeu, e eu não esqueço
De que também deixei sonhos infindos.

E assim escreverei no meu diário
A derradeira estrofe do meu canto
No canto desta página discreta.

Bordo de poesia o meu sudário
Pra que seja de Letras o Recanto
Registrando a saudade do poeta.
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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 03/05/2014
Reeditado em 03/05/2014
Código do texto: T4792380
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