MANHÃ NEVOADA

Recolhe-se murcho no lívido exílio

de sua existência manhã nevoada,

em que não afagam ternuras, idílio,

nem florem sementes de amor madrugada.

Os risos felizes da essência enlevada,

que o atavam no belo em santíssimo auxílio

e à nua leveza a lhe erguer a morada,

viraram saudades do tempo rutílio.

Não mais a ilusão de encantados castelos;

lhe resta lamber os sobejos, farelos

das brandas lembranças de quando poesia.

Estúpido, tenta roubar da memória

e dar ao agora seus sóis de vitória,

mas não, nunca mais o esplendor que vivia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 02/05/2014
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T4791461
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