MÁQUINAS DO MUNDO
“A todos os trabalhadores”
Ó vós, que laborais desde a aurora do sonho,
A vida, o corpo, a mente e até a própria alma
Empenhais, num agir profundo e tristonho,
Quais máquinas do mundo que o destino acalma.
Ó vós, que não olhais nunca à vossa vontade,
Nem vossos gostos e paixões podeis zelar
Mas, sim, contribuís com toda a propriedade
Para um alheio capital desencantar…
Ó vós, que gravitais à volta do universo,
Procurando encontrar um chão que dê sustento,
Para que cresça a prol, o lar e até o berço
Onde possais fruir com suave acolhimento.
Ó vós, a quem o mundo deve o próprio ser,
E que, sem vós, jamais o oiro brilharia
Nas mãos dos poderosos que riem de prazer
Por vós serdes maná da sua mordomia.
Vós sois as máquinas do mundo eternamente
E o mundo não vos reconhece como gente!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA