Fogo-pagô

A rola canta sussurrando, ao som da chuva fina

No campo e na cidade, nos prados das fazendas

Corrupiando as suas asas, a fazer uma oferenda

De amor e de paz no mundo, a aliança cristalina.

Canta a rola na garoa, a saudade sem paradeiro

Doutras rolas no sertão, como ensina a profecia

Que torna a incerteza e a esperança em alegria

Num esvoaçar singelo, repartido e companheiro.

A chuva fina é a que procria, e a ela representa

Pendões de ouro na capina, os quais a alimenta

E sacia as outras rolas, que buscam o sustento.

Vai a chuva e vem o sol, e à noitinha a rola trina

A cópula no seu ninho, com outra rola, e a sina

Serão novas rolinhas, a cantarolar nos ventos.

HELDER C ROCHA
Enviado por HELDER C ROCHA em 30/04/2014
Reeditado em 22/03/2021
Código do texto: T4789280
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