Fogo-pagô
A rola canta sussurrando, ao som da chuva fina
No campo e na cidade, nos prados das fazendas
Corrupiando as suas asas, a fazer uma oferenda
De amor e de paz no mundo, a aliança cristalina.
Canta a rola na garoa, a saudade sem paradeiro
Doutras rolas no sertão, como ensina a profecia
Que torna a incerteza e a esperança em alegria
Num esvoaçar singelo, repartido e companheiro.
A chuva fina é a que procria, e a ela representa
Pendões de ouro na capina, os quais a alimenta
E sacia as outras rolas, que buscam o sustento.
Vai a chuva e vem o sol, e à noitinha a rola trina
A cópula no seu ninho, com outra rola, e a sina
Serão novas rolinhas, a cantarolar nos ventos.