O FAMINTO CHACAL

À bruta e mordaz desventura vivida,

tal faca a mostrar contundência do corte,

por tempos fugindo de sua investida,

desisto, a esperar que me esfregue na morte.

Tentei resistir à manhã combalida

de inverno infinito embaçando-me o norte,

contudo esperança quedou-se vencida

por seu violentíssimo ataque, tão forte.

No ininteligível da sacra justiça,

entregue ao poder de seu golpe mortal,

definho-me à dor que me toma inteiriça.

De tanto penar, eu nem sinto o final,

mas sei que me come voraz a carniça,

o fero destino, faminto chacal.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/04/2014
Reeditado em 01/05/2014
Código do texto: T4788827
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