À TOA

Meu corpo há-de virar pó tão vazio,

Que nada dele poderá dizer

Que existi em espécie humana a ser

Tão Somente um deserto em desvario.

Nada assim restará de mim a fio

De só à minha morte eu pertencer,

E se nunca estiver no inferno arder,

Na alma não terei lágrimas de um rio!

Meu corpo é tão podre e tão infértil,

Que seria melhor jogá-lo ao mar,

Para que nada possa mais restar.

Mas se pelo contrário for de fértil

Consistência em substância humana boa,

Juntem-no à guerra da alma que anda à toa.

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 29/04/2014
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