SONETO DO INSTANTE FINAL


Quando enfim a vida esvair-se em mim
E a alma, ao corpo, se fizer liberta,
Plainará, talvez, à imensidão, desperta
Como ao universo se mostrasse afim.

Há de ser, talvez, definitivamente o fim
Pr'essa alma qu'em vida se portou dispersa.
Em conotações, ou noções, complexas
Como tudo houvesse de lhes ser assim.

Mas talvez, quem sabe, poderá cumprir-se
Quando a alma do corpo evadir-se 
... E ao mundo for dito que eu morri,

 Eu viva, ainda, secularmente
Às lembranças mais ternas e dolentes
Dos versinhos de amor q'eu um dia  fiz!

                      Puetalóide



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Se Souberas...!


Se souberas... Feres-me tanto o peito...
Quando externas dores e angústias tais...
Não expressarias assim desse jeito...
Se entenderas... Como nos quero imortais!

Se souberas... Ratificar não quero!
A vida sim (que tu és), é tão finita!
Também, não mais ouvir de ti espero
Que há de se ir um dia, tu'alma bonita...

Viverás em minhas mais doces lembranças
Também numa saudade interminável
Talvez pelo sofrer, me perca em andanças...

Não te enganes, amor! Incomparável...
... És em tudo... Teus versos serão herança
Mundo receberá... É inevitável...!

                           Esther Lessa



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Tão Somente...!


Ao findar-se-me a última hora
Fecharem-se as cortinas da vida
Não me encubras o teu olhar que chora
Não me negues a dor da despedida.

Deixe esvair em teu pranto, que aflora
A tristeza de tu'alma comovida
Indo-me, eu, nessa inércia, embora
Ficarei em tua lembrança contida...

Serei o teu poema inacabado
Na certeza de que não é o fim
Minha morte é passagem tão somente

Ah, nosso amor se fará transladado
No eternal do além quando, enfim
N'outra esfera amar-te-ei eternamente...!

                   Nina Costa