Insônias
É rara a noite em que me ouso tua;
tampouco fico em paz - ah, isso, não!
(O que faria um ser mais desamado
do que não se sentir - sequer! - brinquedo?)
Às vezes peço calma à noite crua;
tem vez que me despeço da razão:
em brechas de outro verso madrugado
me lanço, sem remorso, sem segredo.
Pudesse descansar, bem dormiria.
Soubesse te esquecer - ah, isso, sim!
Quisesse, aprenderia a nem viver...
Sem sonhos, há na noite o que colher?
Não sei, só vejo o que não dorme em mim:
querer, saber, poder e poesia.