Insônias

É rara a noite em que me ouso tua;

tampouco fico em paz - ah, isso, não!

(O que faria um ser mais desamado

do que não se sentir - sequer! - brinquedo?)

Às vezes peço calma à noite crua;

tem vez que me despeço da razão:

em brechas de outro verso madrugado

me lanço, sem remorso, sem segredo.

Pudesse descansar, bem dormiria.

Soubesse te esquecer - ah, isso, sim!

Quisesse, aprenderia a nem viver...

Sem sonhos, há na noite o que colher?

Não sei, só vejo o que não dorme em mim:

querer, saber, poder e poesia.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 23/04/2014
Reeditado em 17/10/2019
Código do texto: T4780138
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.