Soneto do amor longínquo
Esqueço-me tanto, em minha demora
que ao meu redor, espiando, esquivado
inda corre este tempo entrelaçado
pelas tranças de ruínas de outrora
mantendo a verdade em rara dormência,
ao longe, descansando em vasto frio
oh, amor! Mesmo estando em véu sombrio,
agarra meu poema à tua essência
onde o convite feito ao grande espanto
de, vazio, encarar-te frente a face
permanece preso ao vetusto manto
deste medo de encontrar dissipado,
sempre pontual pela vaga prece
de um amor plenamente confessado