O POEMA E O POETA
O poema germina no em vão do poeta,
se liberta ligeiro, despido e sutil,
encantado, desperta o luar, sua meta
e reinventa-se em águas, infindo cantil.
Rodopia o poema em redor do poeta,
a marcar, bailarino, seu próprio compasso
com mesuras e graças à flor predileta,
desenhando no vento a magia do passo.
O poema converte em alado o poeta
emprestando-lhe as asas a mais de seu dorso
e brincando de ornar com desvios a reta,
pairam juntos no céu, sem o mínimo esforço.
Finalmente, o poema, com sono, se aquieta
e concede sua autocriação ao poeta.