Dissociação
Sou como uma senoide sem controle,
Pico e vale em alternância constante,
Como é que vou poder seguir avante
Se tem tanta coisa em que me enrole.
Há dias que nada há que me levante,
E se fui muito duro fico muito mole,
E há dias que de diástole sou sístole,
Vivo essa vida de simplório tratante.
Minha personalidade é assim: dupla,
Em vez de ser um, sou mais que isso;
Não reclamo, e se ela fosse múltipla?
Vivo como se fosse gráfico submisso
Para o ser curioso que me contempla,
Sabendo que só não posso ser omisso.