Sepultamento de Jesus
                                                                                  (Tisi di Garofalo,1520 - Museu Hermitage, Moscou
)

 


NO GÓLGOTA X
NO SEPULCRO


A mãe apertou o corpo do filho no colo.
Guardaria pra sempre em seu coração
Os momentos da dolorosa Paixão
Daquele que nunca cometera dolo.
 
Pôs-se em movimento o pungente préstito.
Os amigos levam-nO sobre os ombros.
De um lado as Marias*, do outro os Anjos.
Guardam no sepulcro o corpo sacrossanto
 
E tudo foi feito muito à pressa,
Porque ao aparecer no céu o clarão
Da primeira estrela, conforme a tradição,
 
Começava o tempo sagrado do Pessach*.
Lançaram sobre Ele um último olhar
E colocaram a pedra no seu lugar...



 
 
* As Marias: O evangelho de João fala de um grupo de Marias ao pé da cruz: "Perto da cruz estava sua mãe; Maria Helí, a irmã de sua mãe; Maria, a mulher de Cléopas e Maria Madalena."

"Nicodemos levou cerca de trinta e quatro quilos de uma mistura de mirra e aloés. Tomando o corpo de Jesus, o envolveram em faixas de linho, com as especiarias, de acordo com os costumes judaicos de sepultamento. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim; e no jardim, um sepulcro novo, onde ninguém jamais fora colocado. Por ser o Dia da Preparação dos judeus, e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali." (Jo 19:40-42)

* Pessach: A Páscoa judaica.

- Quão indizivelmente tocante deve ter sido o momento em que Jesus foi retirado da cruz! Como se receassem causar ainda mais sofrimento ao corpo, devem ter feito todos os movimentos com o máximo cuidado e carinho, manifestando ao santo corpo o mesmo amor e respeito que tinham sentido para com o Santo dos Santos, durante a vida, estendendo os braços e derramando lágrimas, guardando o mais completo silêncio!
Aquela mãe, ao ter de novo nos braços o corpo do Filho adorado, a quem durante tão longo martírio não pudera socorrer, via agora o quanto estava desfigurado pelas horríveis crueldades... Como deve ter sido violentamente trespassada pela dor ao ver de perto as feridas, lavando-as, talvez mais com lágrimas do que com água, limpando-as, ungindo-as e perfumando-as com bálsamos, unguentos e especiarias, com a ajuda de João, José e dos poucos amigos que ali restaram...  E quando, já envolvido em alvas faixas e lençol de linho, como deve ter sido difícil cobrir o Seu rosto! Nessa mortalha, por Ele deixada, dobrada, no sepulcro, haveriam de ficar para sempre as marcas do Santo corpo.


 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 18/04/2014
Reeditado em 02/06/2014
Código do texto: T4774225
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