A Flagelação - Belmiro de Almeida, 1887
(Museu de Arte Sacra da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, RJ, Brasil)
NO GÓLGOTA II
"TENHO SEDE"
Um vento incômodo e intermitente
Varria o Calvário, levantava poeira;
Folhas desprendidas de uma oliveira,
Chicoteavam rostos, abruptamente.
Três cruzes se agigantavam na paisagem,
Cada uma com um homem dependurado:
Soltavam gritos de dor, dois agonizados,
Calado, o terceiro, expunha coragem.
Sua cruz era a do meio e estava
Orlada por João e uma triste mãe...
Aquele que só tinha feito o bem
Ouvia o choro que o silêncio quebrava.
Vinagre é-lhe dado a beber, quando pede,
Um pouco d´água para acalmar a sede*.
* "Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede." (João 19:28)
* Cumpria-se a profecia do salmista: "Na minha sede fizeram-me beber vinagre." (Sl 69:21)
- Pregado na cruz, com os braços abertos e prestes a morrer, Jesus expressou a Sua humanidade plena ao confessar “Tenho sede”. Em vez de água foi-lhe dado vinagre a beber. E Ele, sabendo que temos sede de vida eterna, dá-nos a Água Viva que alimenta a nossa sede espiritual.
No encontro com a Samaritana Jesus mostrou que só Ele possuía a verdadeira água que se tornaria em quem a recebesse: Fonte de água jorrando para a vida eterna. Esta é a explicação da verdadeira sede que Jesus sentiu na cruz: sede de amor; sede de almas para lhes dar a água viva da salvação; sede imensa nas angústias extremas da consumação redentora do mundo; sede de salvar a todos os homens, conduzindo-os à casa do Pai.