SONETO

A praça estava cheia. O Condenado
Transpunha nobremente o cadafalso,
Puro de crime, isento de pecado,
Vítima augusta de indelével falso.

E na atitude do Crucificado,
O olhar azul pregado n’amplidão,
Pude rever naquele desgraçado
O drama lutuoso da Paixão.

Quando do algoz cruento o braço alçado
Se dispunha a vibrar sem compaixão
O golpe na cabeça do culpado

Ele, o algoz - o criminoso – então,
Caiu na praça como fulminado
A soluçar: perdão, perdão, perdão.

(Augusto dos Anjos).




RESSURREIÇÃO

E o céu fechou-se escuro n’amplidão
Do mar à terra trêmula de espanto,
Regada a sangue e lágrima de um Santo
Que aos seus algozes deu-lhes o perdão.

Feridos pés, as mãos, o coração,
Despido o corpo, viu à sorte o manto;
Santo sudário úmido de pranto,
Sangue e suor na cruz vertendo ao chão.

Não foi a dor maior, a da matéria.
Humana, a dor menor que a dor divina,
N’alma a sofrer tamanha humilhação

Ao ver na vida quão triste miséria,
Jesus na carne já cumprida a sina
Venceu a morte com a ressurreição.

(Hermílio).
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*Republicação,com votos de Feliz e renovadora Páscoa
 a todos.

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MADALENA
És apaixonada por mim, incontrita Madalena!
Por que me persegues?
Incapaz é o teu ofício
De entender-me o Sacrifício.
Queres ungir minha cabeça, beijar-me os pés?
É teu mal que te condena!
E sobre ele te ergues
Debaixo dos olhos meus.
De onde vens? Quem tu és?
Também és filha de Deus...
Mulherzinha sem sentido
Onde está teu marido?
Bem sei. Quisera tivesses dez.
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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 18/04/2014
Reeditado em 18/04/2014
Código do texto: T4773334
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