Nonsense
O imprevisível senso do nonsense,
de soluçar no riso e rir na dor,
protagoniza o despejar calor
para apagar a água que o compense.
Sou paródia de um ser desconhecido
e sem identidade ou endereço,
visito-me por dentro e pelo avesso,
se acaso me subverto ou me transgrido.
Minha humilhação do próprio revés
não será pelas mãos meter os pés;
melhor alguma coisa do que nada,
pois se a desonra alheia não diverte,
de mim mesmo o escarnecer solerte
é o que me empurra até a gargalhada.