MÃE
MÃE
Carmo Vasconcelos
Tal Rainha Santa que das rosas fez o pão,
Tu tornas, mãe, nesse teu ventre, o amor em filhos!
Nessa alquimia, os vais juntando, quais cadilhos,
À nívea franja do teu grande coração!
Não sendo tu Rainha ou Santa, és abençoada,
Por milagrosamente o teu corpo gerar
O poema excelso, transcendente e milenar,
Parido em sangue e dor na carne lacerada!
Dores atrozes que, extasiada, desmereces
Ao no regaço ter o frágil ser que aqueces
Ao calor ímpar desse instante divinal!
E desligado o ténue fio umbilical,
Só rompe a morte esse amarrado amor materno,
Posto que atado foi no céu plo Pai Eterno!
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Lisboa/Portugal
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