ASSIM... / LUA COR DE SANGUE
ASSIM...
A velha flor despende-se em langor
E murcha vai caindo das alturas
E desce aos seus outonos, sua dor,
Ao chão, sua nova casa, sepultura...
Deixou, enquanto viva, o seu perfume
Voar nas primaveras, em seus ninhos,
Nas noites de paixões e de queixumes;
Nas tardes revoando os passarinhos...
Ainda que na morte, assim, serena,
A flor que despe a alma é qual falena
Vagando pelos ares, bailarina...
Quisera a minha morte, suavemente,
Assim, feito esta flor que, alegremente,
Ao chão tão leve cai em dança divina!
Arão Filho
São Luís-MA, 15 de Abril de 2014.
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LUA COR DE SANGUE...
A Lua nas alturas, escarlate,
Suspensa sobre o mundo, em sua beleza,
Atiça a inspiração do velho vate
No eclipse total em sua grandeza...
Tão bela cor de sangue, avermelhada,
À sombra do planeta se escondendo
Quem sabe está com sono e a madrugada
Termina logo mais com o Sol nascendo?
Por qual motivo estás assim tão rubra?
Deixai que argêntea cor tua me cubra
Assim como se fosse o meu lençol...
Talvez nem tenhas tempo em responder
Pois já desponta ali o alvorecer
Deixando-te oculta no arrebol...
Arão Filho
São Luís-MA, 15.04.2014.