Que é da vida sem amor?

Em teu profundo e meigo olhar vejo refletido

Tal amor que os mortais não podem compreender

Que alimenta a chama, a pulsação frenética do viver

Entorpece a mente confusa, inebria o aguçado sentido.

Que é esta sensação delirante e envolvente

Semeia a vasta seara da perene imaginação

Ofusca os raios lunares numa profusa explosão

Amor pulsante, febril, essência da vida latente.

E embora julguem-me louca, deveras, eu sigo

Passos firmes, olhar terno, compassos sonoros

O amor expande-se em mim, dilata-me os poros

Porque, que é o viver, sem amar, eu digo

Uma existência gélida, um sopro apenas, um aperto,

Um buraco negro, um grito no vazio, deserto.

Milene Gomes
Enviado por Milene Gomes em 12/04/2014
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