Que é da vida sem amor?
Em teu profundo e meigo olhar vejo refletido
Tal amor que os mortais não podem compreender
Que alimenta a chama, a pulsação frenética do viver
Entorpece a mente confusa, inebria o aguçado sentido.
Que é esta sensação delirante e envolvente
Semeia a vasta seara da perene imaginação
Ofusca os raios lunares numa profusa explosão
Amor pulsante, febril, essência da vida latente.
E embora julguem-me louca, deveras, eu sigo
Passos firmes, olhar terno, compassos sonoros
O amor expande-se em mim, dilata-me os poros
Porque, que é o viver, sem amar, eu digo
Uma existência gélida, um sopro apenas, um aperto,
Um buraco negro, um grito no vazio, deserto.