OUTONO D' ALMA
OUTONO DA ALMA
Jorge Linhaça
Folhas precipitam-se ao solo
Despe-se a árvore impudica
Reveste-se de cores telúricas
Fustigada aos sopros de Eólo
Parece-me a morte zombeteira
Vindo campear entre os viventes
Fazend'adormecer as sementes
Como se fora a vez derradeira
Outonal estação dos sentidos
Conspurcado coração silente
Pelas dores jaz adormecido
Compraz-se em ser indiferente
Como fosse hoje proibido
O amar e sentir-se contente