AO ACASO
Sem planos e intenções além daqui,
abraço lerdas horas mansamente,
depois me deito em vão que construí
assim, de forma lenta e displicente.
Não quero ouvir a voz do pensamento,
os seus ruídos ríspidos me afligem;
inteiro, me dissolvo no momento,
o meu futuro é livro em branco, virgem.
Livrei-me do embornal de grosso couro
em que escondia falso e vil tesouro
acumulado à parva austeridade.
E agora me espreguiço no descaso,
brinquedo de caprichos nus do acaso,
ao brando compassar da liberdade.