AO ACASO

Sem planos e intenções além daqui,

abraço lerdas horas mansamente,

depois me deito em vão que construí

assim, de forma lenta e displicente.

Não quero ouvir a voz do pensamento,

os seus ruídos ríspidos me afligem;

inteiro, me dissolvo no momento,

o meu futuro é livro em branco, virgem.

Livrei-me do embornal de grosso couro

em que escondia falso e vil tesouro

acumulado à parva austeridade.

E agora me espreguiço no descaso,

brinquedo de caprichos nus do acaso,

ao brando compassar da liberdade.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 07/04/2014
Código do texto: T4759858
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