PASSARINHO
O passarinho de altos, ledos anos
que tanto canto ergueu no tempo lindo,
tornava seu o céu imenso, infindo,
com mil bailados de asas soberanos.
Em gozo e força, juventude e vida,
tomava o mundo, flor a flor, todinho,
da terra aos ares, para ser seu ninho,
repouso a cada vastidão vencida.
Mas, pena, os voos plenos na existência
deixaram seus tesouros para trás,
sem que notasse, à edaz velocidade.
E ao ver passada a jovial vivência,
o passarinho, à jaula em que ora jaz,
canta em silêncio, pois virou saudade.