PASSARINHO

O passarinho de altos, ledos anos

que tanto canto ergueu no tempo lindo,

tornava seu o céu imenso, infindo,

com mil bailados de asas soberanos.

Em gozo e força, juventude e vida,

tomava o mundo, flor a flor, todinho,

da terra aos ares, para ser seu ninho,

repouso a cada vastidão vencida.

Mas, pena, os voos plenos na existência

deixaram seus tesouros para trás,

sem que notasse, à edaz velocidade.

E ao ver passada a jovial vivência,

o passarinho, à jaula em que ora jaz,

canta em silêncio, pois virou saudade.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 31/03/2014
Reeditado em 31/03/2014
Código do texto: T4751148
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