Indigente
Em meio ao formol, este defunto
Os anos consumindo o que restou
Na maca passa a ser o professor
E deste pretenso doutor é assunto.
Indigente mas gente! Sinto muito,
Pois antes nunca te deram valor.
No teu rosto nem a expressão da dor,
Agora o mundo de ti precisa tanto.
Avança a medicina, quem te agradece?
Formado, o doutor logo te esquece,
Formol é o que tens por companheiro.
Do teu passado não deixastes informações,
Incógnita teus senões; no teu silêncio
És útil, neste instante postumeiro.
Josérobertodecastropalácio
NOSSAS LEMBRANÇAS
Nossas lembranças também jazem no formol
Do esquecimento das tristezas e alegrias
E, no entanto, não há o novo sob o sol
A vida passa sempre igual... Monotonia...
Assim como o cadáver sem escol
Esquecido na maca ou na pia
Nossas lembranças também jazem no formol
Do esquecimento das tristezas e alegrias
Lembremos que o passado é farol
Que ilumina o nosso dia a dia
Ele, do nosso hoje faz o rol
E constrói as nossas dores e alegrias
Nossas lembranças também jazem no formol...
Ângela Faria de Paula Lima.