Argonauta
Edir Pina de Barros

Sou argonauta astuta, solitária, 
a navegar as águas das tristezas,
lutando contra tudo, correntezas,
como se eu fora, neste mundo, pária.

Jamais eu fui senhora donatária
de terras firmes, campos de certezas,
cheios de cercas, muros, fortalezas,
florestas de aroeiras, araucárias.

Sou navegante, sim, sou argonauta, 
que nas tormentas segue firme, incauta,
cumprindo seu destino, travessia.

Navego mares, rios, pantanais,
transponho seus abismos colossais
buscando a eterna fonte da poesia.
 
Brasília, 27 de Março de 2014.

REALEJO, pg. 53
Poesia das Águas, 18
Sonetos selecionados, pg.46


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Grata pela interação... Feliz por meu soneto trazer-lhe inspiração Thiago Araujo

Sou argonauta bravo e temerário
Que vive a navegar a mar aberto
Das águas da tristeza esta coberto
Mas vivo a transpassar feito corsário.

Da vida eu tive um duro adversário
A mendigar do pão sempre incerto
Tão raro quanto oásis no deserto
E tudo qu'é da terra, me foi precário.

Mas no mar sou navegante, argonauta
E não obstante ponho em pauta...
...as amarguras que eu deixei pra trás.

E navegando entre mares e bacias
Encontro em cada onda uma poesia
Tão profundas feito o mar ou até mais.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 27/03/2014
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T4745562
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