Soneto desatinado
 
Do velho casario em ruína lá no topo brilho da ladeira
Janelas loucas e soltas anunciam sem dó o vendaval
O vento forte, brusco, solto, faz ranger a anciã madeira
Trapo de saia da dançarina enganada colore o temporal
 
Não há viv`alma que na doideira atenção ainda preste
Ao coador e ao pó amigos juntos para líquido escasso
Naqueles  instantes de frio que a pobre alma  enlouquece
Quando um corpo cansado é aquecido por amoroso abraço
 
No declive escorregadio rolam sem freio telhas aos pedaços
E voam dobradiças doidas insanas, como  passáros  feridos
Corações em dor  pranteiam meros distantes sonhos cansados
 
O lastro empetrecido e sujo que no chão do casario fazia leito
Desmanchante papelão escorrega nas pedras sem piedade
Grito penoso - deus dos desgraçados acode-nos! rasga o peito