Loucura

Eu, quando aparo a barba da esquerda,

seguro a lâmina na mão direita,

e alterno as mãos até a barba feita

e o bigode preservado em sua perda.

Tal e qual cada louco com sua mania,

eu cultivo essa mania de ambidestro,

e escrevo, escravo de meu próprio estro,

que eu nem para mim sou boa companhia.

Um dos braços, como o outro, é suicida

e, charlatão das drogas que ministra,

esconde o gesto além da despedida.

Mago e magro que sou de uma só listra,

vou-me abalando inábil pela vida

igualmente na destra e na sinistra.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 17/03/2014
Código do texto: T4733075
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