Mar
Mar, ó mar, que na praia se arrebenta
revolto a se escumar, tão iracundo,
e volta logo ao pélago profundo
da escuridão do ventre da tormenta;
e geme em dor, sozinho, enquanto venta,
(gemido que se ecoa lá no fundo)
perdido, dentro em si, tão errabundo,
enquanto a dura sorte, em vão, lamenta.
E escuma... E escuma... Dobra-se em mil vagas,
gemendo em dor nas pontas das adagas
da solidão maior que em si alberga.
E quando tudo se aparenta calmo,
(e o seu ruído até parece um salmo),
o vendaval sem fim o açoita e enverga.
Brasília, 13 de Março de 2014.
REALEJO, pg. 75
Sonetos selecionados, pg. 48
Mar, ó mar, que na praia se arrebenta
revolto a se escumar, tão iracundo,
e volta logo ao pélago profundo
da escuridão do ventre da tormenta;
e geme em dor, sozinho, enquanto venta,
(gemido que se ecoa lá no fundo)
perdido, dentro em si, tão errabundo,
enquanto a dura sorte, em vão, lamenta.
E escuma... E escuma... Dobra-se em mil vagas,
gemendo em dor nas pontas das adagas
da solidão maior que em si alberga.
E quando tudo se aparenta calmo,
(e o seu ruído até parece um salmo),
o vendaval sem fim o açoita e enverga.
Brasília, 13 de Março de 2014.
REALEJO, pg. 75
Sonetos selecionados, pg. 48