O rascunho
O rascunho
E gritou o rascunho na gaveta:
-Por que me jogar fora, me aproveite,
corrija-me, se errado, mas me aceite,
dos seus versos, na linda caderneta.
O mundo é o mundo, a culpa é da caneta,
mas será que não sirvo nem pra enfeite?
Olhando você não sente um deleite?
Não me rasgue qual simples papeleta.
Ela olhou, de repente, e assim pensou:
- Este poema um dia registrou
meu amor, minha dor, minha emoção.
Ele não é, bem sei, poema raro,
porém não vou deixá-lo ao desamparo,
vou inscrevê-lo no meu coração.
Gilson Faustino Maia