Batida
Nós somos como cartas de um baralho,
No maço, úteis; sós, somos descartáveis.
Nos iludimos nos achando estáveis,
Mas cada um não passa de um espantalho.
Nossos feitos sabemos não ser duráveis,
Somos da colcha só mais um retalho,
Com orgulhos da altura do assoalho,
Nos prendemos a valores instáveis.
Triste descobrir que não somos nada,
Nos sentimos diferentes, mudamos
Quando toda nossa ilusão é quebrada.
E não podemos ser mais o que fomos,
Somos só carta fora da jogada,
De uma rodada que nós mesmos pomos.