BECCARIA
A Geraldo Vandré
Tentar calar a voz, conter-lhe o canto,
Entregá-la ao algoz, à vil tortura,
Amordaçar-lhe aos nós da hostil censura,
Açoitar-lhe o feroz já tanto e quanto.
Mas, preso o estro, rasgo-lhe o manto
Sacro que empresto ao vício da ventura.
Eu não me calo à assaz literatura;
E falo o que me apraz todo esse encanto.
Beccaria Dos Delitos e das Penas,
Solta no alto dos céus asas serenas
Da poesia em voo na voz suprema.
Poetas de infinitos dons! Cantemos
O libelo dos réus, sons d’água e remos,
Na livre correnteza de um poema.
________
Ontem visitei um contemporâneo do meu pai, de quem ele é amigo desde a juventude e fora colega na Faculdade de Direito. É um típico homem do seu tempo, sem perder o “foco” da realidade atual. Mas, naquele momento, mostrou-me livros e discos, a estes referindo-se com incontido orgulho da fase a que pertenceu. E me pôs a ver e ouvir antigos LPs dos “bons tempos dos Festivais”, fase da Tropicália e das “músicas de protesto”, conforme ele e meu pai asseguram e a coleção de vinis comprova na ponta da agulha daqueles tempos. - “Uma fase rica e fértil em composições memoráveis da MPB”,- dizia-me o Dr. Otávio a mostrar-me nomes e fotos ilustrativas das capas dos discos. Capinan, Tom Zé, Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Cetano Veloso, Torquato Neto e, mais entusiasmadamente, Geraldo Vandré. Deste só conhecia "Pra não dizer que não falei de flores" e "Disparada", nas vozes de outros intérpretes. Ali se ouvia o ídolo e os comentários do fã emocionado. Atento e pensativo, emocionei-me também. E disse-lhe: Os ídolos morrem cedo, por isso se eternizam. Não este. Vandré vive, oculto e silencioso na voz que já não canta.
____
Ouça> "Tristeza de amar" e " Pequeno poema que virou canção"
__________
Vale registrar, em realce, a interação do talentoso poeta STELO QUEIROGA, com os versos a seguir:
Justo relembrar tão belo artista!
Libelo de coragem e de protesto!!
Que à plena juventude-manifesto!!
Ousou se revelar músico-ativista!
Carreira à baioneta interrompida!!
Poesia florescente ode à vida.!!
A Geraldo Vandré
Tentar calar a voz, conter-lhe o canto,
Entregá-la ao algoz, à vil tortura,
Amordaçar-lhe aos nós da hostil censura,
Açoitar-lhe o feroz já tanto e quanto.
Mas, preso o estro, rasgo-lhe o manto
Sacro que empresto ao vício da ventura.
Eu não me calo à assaz literatura;
E falo o que me apraz todo esse encanto.
Beccaria Dos Delitos e das Penas,
Solta no alto dos céus asas serenas
Da poesia em voo na voz suprema.
Poetas de infinitos dons! Cantemos
O libelo dos réus, sons d’água e remos,
Na livre correnteza de um poema.
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Ontem visitei um contemporâneo do meu pai, de quem ele é amigo desde a juventude e fora colega na Faculdade de Direito. É um típico homem do seu tempo, sem perder o “foco” da realidade atual. Mas, naquele momento, mostrou-me livros e discos, a estes referindo-se com incontido orgulho da fase a que pertenceu. E me pôs a ver e ouvir antigos LPs dos “bons tempos dos Festivais”, fase da Tropicália e das “músicas de protesto”, conforme ele e meu pai asseguram e a coleção de vinis comprova na ponta da agulha daqueles tempos. - “Uma fase rica e fértil em composições memoráveis da MPB”,- dizia-me o Dr. Otávio a mostrar-me nomes e fotos ilustrativas das capas dos discos. Capinan, Tom Zé, Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Cetano Veloso, Torquato Neto e, mais entusiasmadamente, Geraldo Vandré. Deste só conhecia "Pra não dizer que não falei de flores" e "Disparada", nas vozes de outros intérpretes. Ali se ouvia o ídolo e os comentários do fã emocionado. Atento e pensativo, emocionei-me também. E disse-lhe: Os ídolos morrem cedo, por isso se eternizam. Não este. Vandré vive, oculto e silencioso na voz que já não canta.
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Ouça> "Tristeza de amar" e " Pequeno poema que virou canção"
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Vale registrar, em realce, a interação do talentoso poeta STELO QUEIROGA, com os versos a seguir:
Justo relembrar tão belo artista!
Libelo de coragem e de protesto!!
Que à plena juventude-manifesto!!
Ousou se revelar músico-ativista!
Carreira à baioneta interrompida!!
Poesia florescente ode à vida.!!