MADEIXAS DA NOITE
Mal acordava e já estava a encantar,
Bela, bondosa, sempre alegre e sorridente,
Ruivas madeixas pelas ruas a dançar,
Nunca ficava triste, só seguia em frente.
A sua vida era um sigilo mortal,
Em casa, nunca fora vista acompanhada,
A sua boca era silêncio total,
Mas encantava homens pela caminhada.
Com cativante jeito simples e infantil,
Fazia tolos fãs por onde ela passara,
Até o mais rude homem ficara gentil.
Tudo seria crível para tanta tara,
Menos poder pensar que a bela era tão vil:
Dama da noite, muito ordinária e cara...
(Victor A M Pinheiro)