O RIO DAS PENAS
Este rio de gente que vai e que vem
Em cada hora ou cada dia ou cada ano
Num corrupio sempre eterno e desumano
Na estranha comoção da alma de ninguém.
Rio de gente, por aqui ou por além,
Aumenta ou diminui num rodopiar insano,
Buscando procurar o seu espaço urbano
Onde possa ganhar a vida que convém.
O rosto de cada ser espelha um melodrama,
Num louco sonho e numa triste ansiedade,
Que nunca ninguém sabe aquilo que transporta.
Aqui um gesto e ali uma voz que reclama,
Dando mais vida à dura vida da cidade,
Em desalmado fluxo que o destino exorta.
Ó água deste rio, ó rio destas penas,
Faz que eu entenda bem a vida de tais cenas!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE