O RIO DAS PENAS

Este rio de gente que vai e que vem

Em cada hora ou cada dia ou cada ano

Num corrupio sempre eterno e desumano

Na estranha comoção da alma de ninguém.

Rio de gente, por aqui ou por além,

Aumenta ou diminui num rodopiar insano,

Buscando procurar o seu espaço urbano

Onde possa ganhar a vida que convém.

O rosto de cada ser espelha um melodrama,

Num louco sonho e numa triste ansiedade,

Que nunca ninguém sabe aquilo que transporta.

Aqui um gesto e ali uma voz que reclama,

Dando mais vida à dura vida da cidade,

Em desalmado fluxo que o destino exorta.

Ó água deste rio, ó rio destas penas,

Faz que eu entenda bem a vida de tais cenas!

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 05/03/2014
Código do texto: T4716534
Classificação de conteúdo: seguro