Logo dará meia-noite - e Adeus à Carne.

Na Itália, bem vestidas, com máscaras...

Cheias de viço, festejando à nobreza milenar.

No Brasil, desnudas, despidas de moral...

Cantando de qualquer jeito, assim tão mal!

Ao pé da letra, na verdade: Adeus à carne.

Pelas ruas desta Terra; baderna e desvario mil...

Assim é o Carnavalle, ou Festa do ultrajar...

Os ricos sempre mais ricos, e os pobres?

Que rodopiam em três dias de amargar...

Trôpegos e incoerentes, logo, logo irão trabalhar...

Para esse grande Rei, que de Momo não tem nada...

O que vale realmente, é o velho capital...

Que separa direitinho, o escravo e o Senhor...

E logo dará meia-noite, e o povo perderá seu sapatinho...

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 04/03/2014
Código do texto: T4714678
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