Logo dará meia-noite - e Adeus à Carne.
Na Itália, bem vestidas, com máscaras...
Cheias de viço, festejando à nobreza milenar.
No Brasil, desnudas, despidas de moral...
Cantando de qualquer jeito, assim tão mal!
Ao pé da letra, na verdade: Adeus à carne.
Pelas ruas desta Terra; baderna e desvario mil...
Assim é o Carnavalle, ou Festa do ultrajar...
Os ricos sempre mais ricos, e os pobres?
Que rodopiam em três dias de amargar...
Trôpegos e incoerentes, logo, logo irão trabalhar...
Para esse grande Rei, que de Momo não tem nada...
O que vale realmente, é o velho capital...
Que separa direitinho, o escravo e o Senhor...
E logo dará meia-noite, e o povo perderá seu sapatinho...