SONETO DA INFÂNCIA

Há dentro de mim qualquer coisa de sagrado

Que dorme intocável o sono ancestral e infinito

A infância corporificada na forma de um menino

Que vaga no vergel da memória, livre, irrestrito

Lá vai ele, saltando sobre as pedras da vida

Feliz, intemerato, fazendo artes e caçoadas

Corpo e espirito desintegrando problemas

Sorridente, cabelo desmanchado nas lufadas

Por que não o segui por ele, pela vida afora,

Algo domou a força indômita daquela criança?

Se aquele ímpeto de alegria era meu de fato

porque nada sobrou daquele porre de infância?

Tudo desabou, o infante virou esfinge inatingível

Acabou como se tudo fosse apenas um arremedo

Teria eu deixado que a consciência me dominasse

Porque será que deixei-me acorrentar pelo medo?

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 03/03/2014
Reeditado em 13/10/2021
Código do texto: T4713388
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