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Amor de verão
 
“Devo igualar-te a um dia de verão? “
Ah!  Meu amor, Shakespeare tem razão
em teus versos... embora mais afável,
és um amor estival, e assim instável...
 
às leis da natureza... ao léu... sei não...
mas nessa onda vou ardendo de paixão;
no sol e até na chuva sou amoldável;
 e até vou confessar ser agradável,
 
quando teu sol impõe em mim seu ar quimante;
e quando os galhos febris  o “vento esfolha”
antes da tempestade, e o “céu calcina...”
 
Ah! E como é bom quando o beijo molha
minha inércia... um momento... breve instante...
instante de calor que em nós declina...
 
 
 


- Inspirado no soneto 18 de  William Shakespeare com tradução do
poeta mineiro Ivo Barroso
 
 
 
Soneto 18 traduzido
 
Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza.
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
    Enquanto houver viventes nesta lida,
    Há-de viver meu verso e te dar vida.
 

Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet169.htm
 
( Imagem: facebook Ariadne Araújo)