DA BOCA DE UM CONDENADO*
Luciana Carrero
Eu tinha um sorriso no rosto estampado
e já fui um dia o seu animal preferido
Havia em minha boca uns dentes brancos
que enfeitavam meu sorriso desaforado
Eu era um feixe de forças e sabia amar mulheres
e você era minha praia predileta onde ancorava
meus instintos a te adentrarem pelos poros
E enrijecia os braços com pesos de alteres
caindo sobre ti a minha fúria de estranho ser
sentia-me um Elohim macho e destrambelhado
Hoje sou apenas um lugar comum condenado
com mais quarenta comigo a padecer
na cela de segurança máxima do Estado
comendo uns aos outros na fumaça do baseado
*Soneto livre