Faço Sonetos
Faço sonetos
Jorge Linhaça
Faço sonetos, certinhos ou mancos,
Crio sonetos de amor e de dor
Como o Gregório, dos meus desencantos.
Solto meus versos, sou contestador.
De que me vale o lirismo, o encanto,
Se tanto pranto sobeja ao redor
Se outros sofrem e eu cá, outro tanto,
C’oas diferenças de classe e labor
Faço sonetos em forma de prece
Faço sonetos com língua de fogo
Nos meus sonetos o riso aparece
E das palavras eu faço meu jogo
E quando o leitor, de ler-me se esquece
Pego na pena e começo de novo.