A VOZ DO SILÊNCIO II
“Aos faroleiros
da Berlenga”
Vigilantes do fim ali plantados
Olhando a terra, olhando o mar além,
Voz do silêncio e alma redobrados
Na música do vento que vai e vem.
Passam as horas, dias renovados,
Há horizontes vistos por ninguém
Gaivotas gémeas, corvos desgastados,
E de noite o clarão luzindo bem.
O Jacinto me disse que as gaivotas
Largavam a sua voz naquela praia
Sondando a imensidão medindo as rotas
Brancas penas em asas de cambraia…
Toda a noite o silêncio uiva, o mar ecoa,
Na memória faroleira a navegar
Qual estranha loucura que ressoa.
Porto de abrigo, náufragos que foram,
Esperanças e promessas que demoram!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA