A VOZ DO SILÊNCIO II

“Aos faroleiros

da Berlenga”

Vigilantes do fim ali plantados

Olhando a terra, olhando o mar além,

Voz do silêncio e alma redobrados

Na música do vento que vai e vem.

Passam as horas, dias renovados,

Há horizontes vistos por ninguém

Gaivotas gémeas, corvos desgastados,

E de noite o clarão luzindo bem.

O Jacinto me disse que as gaivotas

Largavam a sua voz naquela praia

Sondando a imensidão medindo as rotas

Brancas penas em asas de cambraia…

Toda a noite o silêncio uiva, o mar ecoa,

Na memória faroleira a navegar

Qual estranha loucura que ressoa.

Porto de abrigo, náufragos que foram,

Esperanças e promessas que demoram!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/02/2014
Reeditado em 13/02/2014
Código do texto: T4689189
Classificação de conteúdo: seguro