Soneto Infausto (ou Soneto de Amor a quem Odeio)
Aqui estou eu tentando inutilmente
apagar de mim tudo q' há de ti:
as lembranças mais idas, as recentes,
a tua imagem em cantos sem fim:
Na tela destes meus olhos amantes,
nas palavras que em vão troquei contigo,
em poemas insignificantes,
em merdas quaisquer sem nenhum sentido.
Eu posso até excluir as tuas fotos,
mas não consigo rasgar o papel,
estragar as páginas feito traça.
Inda me inflama o sorriso em teu rosto,
o teu olhar ardente é teu laurel,
é minha maldição, minha desgraça.