O BRAMIDO DA IRA
Estoura no peito o bramido da ira;
lacera-se víscera, a fera árdua, dura;
retesa-se músculo, pesa e perfura;
dessangra-se cérebro, o insano delira.
Com pedra afilada, estilhaça, tortura;
e arranca em metal de sua áspera lira
o som dissonante que aos nervos regira,
enquanto ensurdece o pensar que supura.
Ao bruto alastrar do combate, revira
e abrasa as artérias com fachos de agrura;
a fraca esperança, nas chamas, expira.
E frente ao poder de um instinto, a criatura,
enfim, é vencida pelo ódio que a inspira
cravar em seu tino o punhal da loucura.