Pessoa por Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa,
como um decassílabo de soneto,
esculpi meu azar num amuleto
e assim fui pela vida meio à toa.
Nasci António triste, nó de nogueira
fincado no lugar do coração,
e, apesar disso, eu tive a sensação
de ser Joana queimando na fogueira.
Ao fim da infância fui vaso quebrado
e, no desterro, estrangeiro de mim,
para as galés do eu vi-me exilado.
Juntei meus cacos e vivi assim.
Se floresço de mim por todo lado,
já nem sei aonde vou nem de onde vim.
(Este soneto foi originalmente publicado na edição nº 47, novembro de 2013, do www.algoadizer.com.br).