Sonhando alto.
Estou desprotegido de argumento
Tento um verso que sai fraco, sem valor,
Incolor, sem intento, cata-vento,
Espera um vento pra dizer que já voou.
Gorou, vou tratando-o sem unguento
Segue lento, meu compasso se quebrou,
Não voltou nenhuma ideia e no momento
Só me sento, a inspiração não decolou.
Estou feito u'a aranha presa à teia,
Feito meia sem sapato, não caminho,
Pego o pinho e a letra sai tão feia
O dia não está pra verso. Estou sozinho!
Me jogo no sofá e tiro um sono,
Sonho que entre dez poetas sou o nono.
JRPalácio
Valeu, Aninha, pela bela interação.
Choramingo do poeta não me afeta...
Exegeta, joga isca, mas jeitoso!
Cada rima foi limada por esteta...
Não me atrevo a julgamento indecoroso.
Veja bem a artimanha desse asceta
Nunca ouse sentir pena se animoso
Sua fala denunciar uma careta
Na verdade ele só brinca de ansioso.
Se conheço esse danado, ri da gente
Sabe bem que se esconde no poema.
Prova a obra, que é prima, até no tema...
Marinheiro o mar domina com a pena
Faz só onda, pois da letra é bel regente...
Ovaciono, com certeza esse eminente.
Ana Maria Gazzaneo