ORQUÍDEA RUBRA

Eu me rendo ao encanto de uma orquídea rubra
Que no tronco do abacateiro fez morada
E nas gotas de orvalho, em plena madrugada,
Banha-se vaidosa, até que o sol a descubra.

Sua cor forte me sugere mil lembranças,
Utopia de um ideal de adolescente  
Bandeiras agitadas, delírio crescente,
Até o anticlimax que varreu esperanças.

Como o astro rei, a cada dia redescubro
A plenitude do prazer de contemplar
Excelsa formosura que a mim aparece.

Quisera o homem reiventasse novo Outubro,
(Extasiado fico então a imaginar)
De orquídeas rubras cujo encanto não fenece.