PASSAGEIROS

Meus amigos vão aos poucos sem meu adeus

Deixando-me em um constante sobreaviso,

Despreparado, vou seguindo junto aos seus,

Se é que Deus queira me ver no paraíso.

Eram todos jovens na imagem que eu trazia

Agora os tenho apagados da minha vida,

Na parede eu olho a velha fotografia

E abaixo dela a minha descolorida.

Intriga-me o tempo – invasor das resistências,

Que leniente putrefa as nossas carências

E por nós passa sem adeus nem despedida.

Covarde tempo que eu tinha camarada,

Que nas adegas bocejava madrugadas,

Além dos meus vive agourando a minha ida.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 22/01/2014
Código do texto: T4660334
Classificação de conteúdo: seguro