PASSAGEIROS
Meus amigos vão aos poucos sem meu adeus
Deixando-me em um constante sobreaviso,
Despreparado, vou seguindo junto aos seus,
Se é que Deus queira me ver no paraíso.
Eram todos jovens na imagem que eu trazia
Agora os tenho apagados da minha vida,
Na parede eu olho a velha fotografia
E abaixo dela a minha descolorida.
Intriga-me o tempo – invasor das resistências,
Que leniente putrefa as nossas carências
E por nós passa sem adeus nem despedida.
Covarde tempo que eu tinha camarada,
Que nas adegas bocejava madrugadas,
Além dos meus vive agourando a minha ida.