Purificação

Em passos vacilantes, caminho displicentemente

E o teu olhar distante não é mais uma conotação

Detendo-me, observo o mar em contemplação

Escrevo o teu nome na areia, num gesto tão inocente!

Ornamento a minha arte com flores, e um coração (partido)

Enquanto uma onda insolente apaga tudo o que construí

Lembro-me das coisas, que ao teu lado, eu não vivi

E de como seria o hoje, se tu não te tivesses ido.

Dispo-me das vestes, da tristeza, das lembranças,

Mergulho fundo nas águas cálidas deste mar

E, durante um breve momento, volto a ser criança

Com toda a sorte de horizontes e amores a desejar

Tenho minh'alma lavada, enquanto o mar me embalança

E, purificado o desejo de viver, agora posso voltar.

Geraldo Meireles
Enviado por Geraldo Meireles em 27/04/2007
Reeditado em 27/04/2007
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