A "COMENDA" DA AJUDA
Numa noite de inverno eu tive estranho sonho:
“Vi um mendigo sujo e muito andrajoso
Com corpo macerado e rosto tão tristonho
Na sombria calçada de um sol fastidioso.
O entreaberto portão mostrou-lhe a esperança
De poder avançar sem grandes empecilhos,
Já que estava habituado a desleixados trilhos,
Entrando dessa forma cheio de confiança.
- Alto aí, quem vem lá? O que é que você deseja?
No dia de hoje não pertence dar esmola
E muito menos p´ ra andarilhos com sacola!
- Não se trata de esmola, ó rico senhor guarda,
Por sua tão vistosa e bem limpinha farda,
Diga ao ilustre Presidente, que Deus proteja,
Que eu pretendo pedir também uma comenda:
Que a todo este meu pobre País compreenda
E que o governo faça algo que se veja…
- Ai é? Aguenta-te co´ esta guarda raçuda
E desembrulha-te da calçada da Ajuda…
- Ó malfadada sorte, com´ te sinto inveja!”
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA
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