A "COMENDA" DA AJUDA

Numa noite de inverno eu tive estranho sonho:

“Vi um mendigo sujo e muito andrajoso

Com corpo macerado e rosto tão tristonho

Na sombria calçada de um sol fastidioso.

O entreaberto portão mostrou-lhe a esperança

De poder avançar sem grandes empecilhos,

Já que estava habituado a desleixados trilhos,

Entrando dessa forma cheio de confiança.

- Alto aí, quem vem lá? O que é que você deseja?

No dia de hoje não pertence dar esmola

E muito menos p´ ra andarilhos com sacola!

- Não se trata de esmola, ó rico senhor guarda,

Por sua tão vistosa e bem limpinha farda,

Diga ao ilustre Presidente, que Deus proteja,

Que eu pretendo pedir também uma comenda:

Que a todo este meu pobre País compreenda

E que o governo faça algo que se veja…

- Ai é? Aguenta-te co´ esta guarda raçuda

E desembrulha-te da calçada da Ajuda…

- Ó malfadada sorte, com´ te sinto inveja!”

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

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FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/01/2014
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