O Deslizar Suave do Tempo
O deslizar suave do tempo
como a água das chuvas,
arrasta outeiro abaixo
lamacentas correntezas.
De resto fica um peito
repleto de espaço inocupado,
morada de amores inadimplentes. Por recusa de pagamento
receberam ordens de despejos.
No seu interior ainda existe
vestígios dos amores despejados.
O coração senhorio
vez em quando é consultado
sobre uma nova locação.
Existe um novo prazo
regido pela lei do amor
para, se de novo
o nosso peito for alugado.
Necessário se faz
curar a ferida deixada,
que só o remédio do tempo
pode nos assegurar,
se já está cicatrizada.
Fim